quinta-feira, 25 de março de 2010

Exercício de Interpretação Textual
Língua Portuguesa
Profª. Esp. Rosenil Reis



Rosa de Hiroshima



Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas


Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Vinicius de Morais. In:Livro de letras – Vinicius de Moraes. São Paulo: Companhia das letras,
1991. p. 206


1) O poema apresenta como tema a bomba atômica lançada sobre Hiroshima, no Japão, em 1945, na Segunda Guerra Mundial. É formado praticamente de substantivos e adjetivos. Quanto às formas verbais, encontramos “pensar e esquecer”. A quem são dirigidos esses verbos e o que eles expressam no texto?

2) Que forma verbal expressa o paralelismo na 1ª parte?

3) Qual é a única parte verbal presente na 2ª?

O poema pode ser dividido em duas partes

4) Na 1ª parte o eu-lírico (o enunciador) pede a seus interlocutores que pensem nas crianças, meninas, mulheres e feridas. O que conotam os adjetivos que caracterizam cada um desses substantivos?

5) Na a 2ª parte, o eu-lírico emprega outros adjetivos para se referir à bomba, metaforicamente chamada de “rosa”. Que adjetivos são esses e o que eles conotam? Por que ele usou essa metáfora?

6) Interprete o poema: por que o eu-lírico não cita diretamente os homens? E que intenção do poeta é possível perceber em relação ao fato ocorrido em Hiroshima?

7) Compare os número de adjetivo no poema, observamos que o poeta emprega mais adjetivos para caracterizar a bomba do que para caracterizar as crianças, as meninas, as mulheres e as feridas. Por que isso ocorre?

8) Que palavra liga a primeira à segunda parte do poema? Explique o que ela expressa em relação às partes do poema?
Língua Portuguesa
Profª Esp. Rosenil Reis

Exercício avaliativo de Interpretação Textual

Analise a música Cálice de Chico Buarque e Gilberto Gil

Cálice

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice refrão
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada, resta o peito
Silencio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutada
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa


De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar ate que alguém me esqueça.


Chico Buarque e Gilberto Gil

Agora responda as questões seguintes.

1 – O título da canção é um trocadilho, permitindo, portanto, uma dupla leitura. Que leitura você pode fazer do título do poema?

2 – O texto e formado por um refrão e por quatro estrofes de oito versos decassílabos cada.
a) Nessas estrofes ocorrem rimas? Em caso positivo, aponte-as.
b) Na primeira estrofe, uma palavra não rima com as que deveria rimar. Que palavra é essa?
c) Levando em conta o poema como um todo, para que houvesse rima, que palavra os autores deveriam ter utilizado?
d) Por que essa palavra não foi utilizada?

3 – Nos versos “como é difícil acordar calado/se na calada da noite eu me dano”. Qual é o significado das palavras calado e calada no texto?

4 – O verso “Pai, afasta de mim esse cálice/De vinho tinto de sangue”, que faz parte do refrão revela o inconformismo do eu-poético em não poder falar o que pensa. Aponte outras passagens do texto que revelam esse mesmo inconformismo.

5 – Os versos “De vinho tinto de sangue” e “tanta mentira, tanta força bruta” permitem concluir que, além da censura, o país vivia outro problema. Qual?
Leia o poema "Os Sapos", de Manuel Bandeira e em seguida responda as questões propostas


Os Sapos

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
(Manuel Bandeira)


1 – Que recurso sonoro o poeta utiliza na primeira estrofe para imitar a marcha satirizante dos sapos?

2 – Em meio a algazarra dos medíocres, quem simboliza a solidão do artista superior?

3 – Em que versos o poeta resume a sua denuncia do equivoco parnasiano de que a boa métrica e a rima constituiriam a excelência d a forma e da poesia?

4 – Qual dos sapos caracteriza a vaidade excessiva de alguns parnasianos?

5 - Sabendo-se que os três primeiros sapos simbolizam os poetas parnasianos, quem estaria sendo simbolizado pelo sapo-cururu?

6 – O que poderia ser o oposto a linguagem parnasiana, excessivamente formal, presa a regras, a metrificação rígida e trabalhada e aos temas clássicos?
Língua Portuguesa – Profª Esp. Rosenil Reis

Noticia de jornal

Tentou contra a existência
Num barracão
Joana de Tal
Por causa de um Tal João

Depois de medicada
Retirou-se pro lar
Aí a notícia
Carece de exatidão

O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste
Que errou

Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou

Ninguém morou
Na dor que era o seu mal
A dor da gente
Não sai no jornal

(Luis Reis e Haroldo Barbosa)

1 – Caracterize os dois personagens. Comente a provável intenção do autor na escolha dos nomes.


2 – Além desses personagens, há alguém que conta a história. O narrador participa dos acontecimentos. Ele se mostra ao leitor? Como ele se posiciona em relação ao tempo dos acontecimentos. Justifique suas respostas com indicadores gramaticais.



3 – A expressão “tentou contra a existência”, do primeiro verso, é uma figura de linguagem. Que figura é essa? O que significa tentar contra a existência?



4 – Comente o conflito vivido pelos personagens. Como ele é apresentado ao ouvinte/leitor do texto?


5 – Em que local ocorreu o fato?


6 - Aponte duas expressões típicas da linguagem popular presentes no texto.


7 – Compare o título do texto – “Notícia de Jornal” – ao dito no último verso – “A dor da gente não sai no jornal”. Comente e justifique o tipo de relação que se estabelece entre eles.


8 - Você já deve ter lido em jornais noticias semelhantes ao fato relatado no texto transcrito. Basicamente, o que diferencia esse texto de uma notícia de jornal?

sexta-feira, 19 de março de 2010

Desde que o homem começou a pensar sentiu a necessidade de comunicar-se com o mundo. De transpor sua própria realidade. Para isso utilizou no decorrer da historia vários mecanismos como os códigos, símbolos até chegar na escrita. No inicio não era tão aprimorada como é hoje, mas já carregava significados diversos. Com o passar do tempo, o homem evoluiu na sua maneira de pensar, falar e agir consequentemente, na forma de conceber o mundo. Tudo isso provocado pela busca cada vez maior de conhecimento. Mas e o professor? Onde entra nessa historia? Quando de fato aparece a figura reconhecida daquele que tem o dom do ensino. Acredito que sempre existiu partindo do pressuposto de que o que o caracteriza é o instruir, o orientar, o ensinar dentro de um aspecto especifico de nossas vidas. Mas sabemos que no inicio não foi assim. A sua função não era reconhecida, ou seja, institucionalizada como profissão. Assim como muitas outras que passaram a existir a partir do surgimento da escola e das universidades. Mas o que de fato deve ser enfatizado, não e a historicidade da educação e, sim, o papel do professor no contexto atual. Hoje o professor não e visto como alguém que mereça respeito. O seu verdadeiro valor enquanto educador não é reconhecido. Muitos são agredidos fisicamente, outros em sua integridade moral. Além de não terem nenhum respaldo da nossa sociedade, pois existe no imaginário dela de que o professor é o único responsável pelo que acontece com a deficiência de aprendizagem do aluno. Isso sem contar que a profissão ocupa dentro das demais, a menor escala do status social. Como se as pessoas que escolhesse a carreira de professor não tivessem outra opção, a não ser essa. Sem, no entanto avaliarem o oposto disso, que é exatamente por opção que são professores. Um paradigma que dever ser quebrado cotidianamente por nós, já que precisamos deles em todas as etapas de qualificações para nossas vidas.
Profª Esp. Rosenil Reis